Infarto do miocárdio

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1- O quê é o infarto do miocárdio (IM)?

O infarto do miocárdio ( IM) , também chamado de infarto agudo do miocárdio ou, simplesmente, "ataque cardíaco", é uma emergência médica em que parte do fluxo sangüíneo do coração sofre uma interrupção súbita e intensa, produzindo morte das células do músculo cardíaco (miocárdio) . O pico de ocorrência do primeiro IM costuma ser aos 55 anos de idade nos homens e aos 65 anos de idade nas mulheres.

2- Causas:

Em geral, o infarto do miocárdio (IM) ocorre quando há uma interrupção súbita e intensa do fluxo de sangue através de uma artéria coronária que irriga uma região do coração , ocorrendo morte de parte do tecido cardíaco. Geralmente a causa desta interrupção do fluxo sangüíneo é o acidente de uma placa de ateroma , ou seja, uma ruptura de uma placa de gordura . Esta ruptura acarreta a formação de um coágulo que interrompe o fluxo sangüíneo neste local da artéria. O IM é uma das manifestações da doença arterial coronariana, caracterizada pela formação de ateromas na parede das artérias coronárias ( leia as páginas sobre fatores de risco cardiovascular , aterosclerose e doença arterial coronariana). Raramente, o IM ainda poderá ser ocasionado por outras causas , como : uso de drogas ilícitas ( cocaína e derivados ) , aneurismas das artérias coronárias, dissecção aórtica aguda com acometimento da origem das artérias coronárias, vasculites (inflamação das artérias coronárias) ou embolização por um coágulo que sai da cavidade cardíaca e se aloja na coronária ou por uma vegetação, que se despreende de uma válvula acometida por endocardite infecciosa. Curiosamente, uma pequena parte dos pacientes que sofrem um IM, apresentam artérias coronárias aparentemente normais no caterismo cardíaco e cineangiocoronariografia ( exame contrastado que observa o fluxo de sangue através das artérias coronárias ).

3- Sintomas:

Embora o infarto do miocárdio (IM) possa ocorrer sem sintomas ( IM silencioso ) , fato mais comum em idosos, cerca de 80% dos casos de IM sintomáticos , cursam com dor no peito. Geralmente, a dor típica do IM é um desconforto torácico localizado na região central do peito, a qual pode irradiar para as costas, mandíbula , membros superiores e dorso . A dor ainda pode ocorrer apenas em uma ou várias dessas localizações e não no peito. A dor de um IM é semelhante a dor da angina do peito , porém costuma ser mais prolongada e não é aliviada pelo repouso e nem pelo uso de nitratos ( vasodilatadores ). Menos freqüentemente, a dor é localizada na parte superior do abdômen, podendo ser confundida com uma indigestão, úlcera ou gastrite. Durante um IM, o indivíduo ainda pode apresentar uma sudorese excessiva, palidez, agitação, tontura, desmaio, ansiedade ou até uma sensação de morte iminente. Apesar de todos os sintomas possíveis, um em cada cinco indivíduos que sofrem um IM apresentam apenas sintomas leves ou não apresentam sintomas. Esse IM , chamado de silencioso, poderá ser detectado algum tempo após a sua ocorrência, através de um eletrocardiograma de rotina.

4-Diagnóstico:

Sempre que um paciente apresentar-se com queixa de dor torácica , principalmente se for portador de fatores de risco cardiovascular , a hipótese de um infarto do miocárdio ( IM ), deverá ser considerada . No entanto, vários outros distúrbios podem provocar uma dor semelhante: pneumonia, um coágulo no pulmão (embolia pulmonar), uma inflamação da membrana que envolve o coração (pericardite), fratura de costela, um espasmo esofágico, indigestão ou um aumento da sensibilidade da musculatura do tórax, associada a um quadro de ansiedade ou após um esforço. Geralmente , a realização do eletrocardiograma e a dosagem seriada de enzimas cardíacas no sangue , podem confirmar o diagnóstico de um IM em poucas horas. O eletrocardiograma é o exame inicial , podendo demonstrar certos achados típicos de um IM ( supradesnível do segmento ST ou um novo bloqueio do ramo esquerdo ) , os quais são suficientes para que o médico inicie imediatamente uma terapia na tentativa de abrir a artéria que está obstruída, através de uma angioplastia coronariana ou através da infusão de uma droga que dissolve coágulos ( trombolítico ). O eletrocardiograma poderá ser normal na vigência de um IM , no entanto , este fato é incomum quando são realizados eletrocardiogramas seriados. A elevação de enzimas cardíacas no sangue é obrigatória para o diagnóstico de IM, pois traduz a morte de células do músculo cardíaco, que são liberadas na circulação . Infelizmente , estas enzimas costumam elevar-se após 4 a 6 horas do início do quadro, podendo pemanecer elevadas por alguns dias.

5- Complicações:

Geralmente, após um infarto do miocárdio (IM), o paciente deverá permanecer na unidade de terapia intensiva por pelo menos 72 horas. Esta medida visa monitorar o surgimento de complicações após o IM. As principais complicações são: angina do peito após IM, ocorrência de um novo IM, insuficiêcia cardíaca , arritmias cardíacas e distúrbios da condução elérica do coração ( que aceleram ou lentificam o batimento cardíaco ) , pericardite (inflamação da membrana que envolve o coração), complicações mecânicas (ruptura cardíaca, insuficiência da válvula mitral, comunicação entre os ventrículos e aneurisma ventricular), parada cardiorrespiratória e morte.

6- Tratamento:

O paciente com suspeita de infarto do miocárdio (IM) deverá ser internado imediatamente em unidade de terapia intensiva, visando monitorar seus dados vitais, oxigenação e traçado eletrocardiográfico ( leia a página sobre o quê são as unidades de dor torácica? ). A primeira medicação a ser administrada é o ácido acetil salicílico (aspirina). O clopidogrel, outra droga que inibe a agregação das plaquetas no sangue, também deverá ser administrada. A nitroglicerina ou nitratos ( vasodilatadores ) são usados para o combate da dor, no entanto, o uso de morfina ( analgésico potente ) poderá ser necessário. Conforme o traçado do eletrocardiograma, o médico assistente poderá suspeitar que a artéria causadora do IM esteja obstruída parcialmente ou totalmente ( IM sem e com supradesnível do segmento ST no eletrocardiograma ), No primeiro caso, não será necessário a realização de um cateterismo cardíaco e cineangiocoronariografia de emergência, pois nestes casos o tratamento inicial será com medicações para tentar dissolver o coágulo ( trombo ) , formado na artéria. No segundo caso, será necessário utilizar uma opção de tratamento que possibilite abrir a artéria totalmente obstruída o mais rápido possível, desta forma, minimizando a área cardíaca afetada pelo IM. Para tal, dispomos de duas modalidade de tratamento: os trombolíticos (administrados de forma injetável através de uma veia no braço) ou a angioplastia coronariana (introdução de um cateter provido de uma balão em sua extremidade, até o local obstruído, permitindo assim, o restabelecimento do fluxo de sangue ). Os betabloqueadores (medicamentos que diminuem o batimento cardíaco), os inibidores da enzima de conversão ( vasodilatadores ) e as vastatinas ( drogas redutoras de colesterol ) , também costumam ser prescritos para a maioria dos pacientes . O tratamento cirúrgico do IM está reservado para os casos aonde ocorrem as complicações mecânicas citadas acima ( nestes casos a cirurgia costuma ser de emergência ) ou para realização de uma revascularização miocárdica , chamada de bypass ou cirurgia de ponte de safena , geralmente 7 a 10 dias após o diagnóstico de IM . A revascularização miocárdica está indicada em pacientes com lesão do tronco da artéria coronária esquerda, certos casos aonde ocorre insucesso da angioplastia coronariana, certos casos de IM com choque cardiogênico ( falência cardíaca associada a redução da pressão arterial ) e em pacientes multiarteriais ( comprometimento por placas de gordura em várias artérias ).

7- Prevenção:

Leia a página sobre dez mandamentos para prevenir o infarto do miocárdio ( IM ).

8- Prognóstico:

O risco de morte durante o período de internação em um paciente que sofreu um infarto do miocárdio (IM), poderá ser estimado analisando-se as seguintes variáveis: idade avançada, baixo peso, antecedentes de hipertensão arterial, angina do peito ou diabete melito, redução da pressão arterial sistólica ou máxima ( inferior a 100 mmHg ), aumento do batimento cardíaco (superior a 100 por minuto), sinais de diminuição da força de contração do coração ( deficiência de bombeamento do sangue), certas alterações do eletrocardiograma e retardo no início da terapia de reperfusão (angioplastia coronariana ou uso de trombolítico , iniciados após 4 horas do surgimento do quadro de IM). Levando em conta a presença destas variáveis, o paciente poderá ser classificado quanto ao seu risco de morte: baixo risco (menos de 2%) , médio risco (cerca de 10%) ou alto risco (mais que 20%) de morte, no período de internação hospitalar.