Regras básicas no tratamento da obesidade

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1- Quais os objetivos do tratamento da obesidade?

Tratamento do obeso visa melhorar seu bem estar e a saúde de seu metabolismo, diminuindo os riscos de desenvolvimento de doenças e , aumentando sua perspectiva de vida. Outro aspecto que não pode ser ignorado é a melhoria da imagem corporal e da auto-estima. Embora com freqüência a obtenção de resultados cosméticos seja uma parte importante das expectativas do paciente, isto não é o objetivo primário do tratamento. O conceito de melhora da saúde metabólica (reverter as anormalidades do metabolismo associadas a obesidade) têm como aspecto básico a perda de peso, que é, apenas a fase inicial do tratamento, sendo a manutenção do peso perdido, o objetivo principal. O sucesso no tratamento da obesidade tem sido profundamente influenciado por evidências indicando que perdas modestas de peso, inferiores a ideal, podem produzir ganhos significantes para a saúde. Perdas da ordem de 5% a 10% podem melhorar a pressão arterial, as alterações das gorduras do sangue, redução do número de apnéias e hipopnéias durante o sono e diminuir o risco de desenlvolver diabete melito. Deve-se, portanto, redefinir e legitimar como sucesso num tratamento para obesidade "reduzir a gravidade da obesidade" em vez de "normalizar o peso corporal". Desta forma, até mesmo a estabilização sem perda de peso representa um modesto sucesso, comparado com a história natural de ganho de peso progressivo. Deve-se encorajar objetivos "atingíveis", com expectativas realistas em vez de criticar falhas que levam a pensamentos negativos, evitando com isso que pacientes obesos se desapontem com um tratamento que no seu entendimento ,não está funcionando, quando na verdade está. Enfatizando os benefícios da perda de peso modesta e a sua manutenção, os pacientes estarão mais propensos a enfrentar as mensagens apregoadas pela mídia e o apelo comercial de produtos potencialmente danosos, que prometem perdas grandes e rápidas de peso, sem nenhum fundamento científico.

2- O tratamento da obesidade deve ser racional.

As opções atuais do tratamento da obesidade incluem: tratamento nutricional, prática regular de exercícios físicos, terapia cognitiva comportamental, medicamentos, implante de balão intra-gástrico e a cirurgia bariátrica. O tratamento da obesidade deve ser racional. A utilização de medicamentos e, principalmente a cirurgia bariátrica, apresentam riscos reais, devendo ser instituídas apenas quando justificadas pelo quadro clínico do paciente. O índice de massa corporal, chamado de IMC e a presença de outros fatores de risco cardiovascular associados à obesidade, são fundamentais na hora de decidir sobre o melhor tratamento. É também importante observar que os obesos que têm uma maior influência genética , pois provavelmente necessitarão do uso indefinido de remédios. Mais ou menos 50% dos pacientes precisam de apenas um tratamento voltado para uma reeducação alimentar e uma prática regular de atividades físicas. Teoricamente são aqueles com um excesso de peso discreto, na faixa de IMC entre 25 e 30 sem complicações do excesso de peso (diabete melito, dislipidemias ou hipertensão arterial). Cerca de 40% deles vão precisar de medicamentos, porque já têm um risco aumentado de doenças associadas com seu excesso de peso. São aqueles com IMC entre 25 e 30 com diabete melito, dislipidemias ou hipertensão arterial, além dos situados entre 30 e 40 de IMC. Do total de pacientes, mais ou menos 10% têm um IMC maior que 40, condicionando um risco altíssimo de complicações. Para estes, assim como para os situados na faixa entre 35 e 40 de IMC com diabete melito, hipertensão arterial ou dislipidemias, recomenda-se atualmente a cirurgia para emagrecer, desde que o tratamento clínico não leve a resultados satisfatórios. O que é fundamental ressaltar à medida a gravidade do excesso de peso aumenta, a probabilidade de que esta pessoa tenha uma maior tendência genética para a obesidade também aumenta .

3- Evite terapias alternativas para o tratamento da obesidade.

Não se engane. A medicina atual deve ser sempre baseada em evidências, ou seja, para instituirmos alguma forma de tratamento para obesidade, este deve estar respaldado em trabalhos científicos sérios, aprovados pelos especialistas da área de nutrição, endocrinologia e metabolismo. Certas opções de tratamento, amplamente vinculadas na mídia, como a mesoterapia, terapia ortomolecular, acunpultura, auriculoterapia, creme para massagens, ervas medicinais, entre outras, não apresentam fundamentação científica nenhuma, devendo ser evitadas.